Eu queria ter o dom das palavras, mas elas dão-se em fuga quando eu as tento convencimento de infiltrar-se na minha busca/ senda que é o coração da minha amada. Perco-me em ventos rodopiantes e delirosos, sem um fim imediato, mas com uma desordem tal que as palavras que vertem da minha alma nascem no momento em que permito as desilusões deste meu ser em processo de autoconhecimento.
Temo não conhecer por completo uma simples fração do seu coração. Mesmo sabendo que uma milésima parte do meu eu não conheço, apenas cogito. Pequenas idéias me assustam e convidam docemente a visitar-te o pensamento e buscar no teu ser o conhecimento do bem e do mal, e o caminho mais curto para curtir a vida. Não encontrei esse caminho. Encontrei o amor.
Olho seus movimentos indecisos e tolos, na fuga que deliberas contra mim, e sei que tanto seria para mim prestimoso o dom das palavras, mas não o tenho; essencial tornar-se-ia saber um pouco do seu coração, mas não o sei. Leva-me embora o turbilhão de ventos que te afastou de mim, mesmo antes de chegares, mas o meu grito de amor e luz se faz paz em teu seio, e dormimos enamorados no brilho da lua, e abandonamos as vontades ao sabor do tempo, e beijando-te demoradamente, esqueço as suas, e renego as minhas, as nossas “pequenas tolices”.