sexta-feira, 27 de abril de 2012

EU E VOCÊ (Texto narrativo-poético)


EU E VOCÊ (Texto narrativo-poético)

Eu estava passeando por uma floresta muito linda, a procura de flores raras. O que eu buscava desde muito tempo pelas matas e cachoeiras não era comum de se ver, menos ainda de se ter.
Acordei bem cedo, antes que o sol despontasse no horizonte, em busca da minha predileta e rara jóia. Tomei um banho frio rápido, despedi-me do meu cachorro vira-lata, que mora comigo há 06 anos.
Não demorei para chegar até a referida floresta, e tão logo entrei, deixei na encruzilhada uma oferenda para Oxossi, e olhei mais uma vez para o sol nascente, que agora já corava minhas pupilas de laranja, e o coração de nova cor.
No caminho para a cachoeira, vi alguns passarinhos, dos quais não conhecia quase todos, exceto o bem-te-vi, o azulão, o trinca-ferro e o rouxinol, cujo canto ecoou no fundo do meu espírito, donde agradeci a Deus a oportunidade de estar ali, vivo e sereno, procurando minha jóia rara.
Andei mais para dentro da mata e vi plantas medicinais e flores, de tamanhas belezas de raridade, com as quais poderíamos trazer de volta a paz ao mundo, só com o amor que dá pra sentir ao respirar aquele ar especial.
Cheguei, em fim, à cachoeira. Suas águas desciam velozes em queda livre, e meu coração acompanhava cada gota que viajava para a terra, desejando encontrar-me com o mais profundo de mim mesmo. A beleza das águas entoava um hino de Oxum, tão doce, tão maravilhoso, tal qual as harpas mágicas do céu. Lavei-me por inteiro, por dentro e por fora, e uma paz de alma indescritível atravessou todo o meu ser.
Estava inteiro novamente e, agora completo de tudo, fui encontrar minha jóia rara.
Bem no meio da floresta havia uma casinha. Não era uma casa comum e qualquer. Era feita de amor, de sonhos, de ninho e carinho; não faltava aconchego e colo; lá nunca havia batido à porta nenhuma solidão, nenhum rancor. Lá ninguém sabia o que era medo, solidão, tristeza. Era lá, na casinha do meio da floresta que morava a paz e o amor transformado em gente. Ou melhor, em espírito da floresta, sereia encantada que saiu do mar, transformada numa virgem renascida do fogo e da luz da lua.
Bati na porta e ouvi uma voz a dizer que esperasse um pouco. Como havia de ter demorado um pouco mais, eu bati novamente e a voz disse-me que entrasse. Era um cenário todo novo: flores das mais variadas cores, pássaros, cantos e cachoeiras, os deuses passeavam e serviam banquetes de amor e promessas de paz. Deus estava no coração do Homem, sem altares vulgares ou preces mortas. Apenas eu e ela. Tão somente eu e você.

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