Podem discordar de mim, se eu disser que o amor perpassa dois extremos, quando eu me explicar, mas adianto que conto o que sinto e discordar ou concordar é com o leitor, porque eu já me “condiscordei” e “disconcordei” das minhas ideias. Então, siga comigo, ou pare por aqui.
Está aqui? Obrigado! Sinal que se interessou pelo que vou dizer. Digo-lhe: o amor caminha em dois extremos, sempre. Entre a idiotice e a intelectualidade; entre a loucura e a normalidade; entre o tudo e o nada; mistura várias dicotomias e nos deixa loucos.
Quando amo, me apaixono ou gosto, eu sou um idiota das minhas próprias expectativas e ilusões. Veja que a culpa é sempre minha, e não da pretendida. Alguém que ler esse texto poderá se identificar com isso, saberá do que estou falando. Ou não. Deixo o mistério, porque a ninguém, nem a ela mesma contarei. Ela descubra se assim convier. Mas não importa agora. Minha inteligência avisa das armadilhas, mas meu coração bobo e alucinado, como alguém entorpecido pelo ópio ou em devaneios por um “trago”, vai de encontro a essa teoria e “dá de cara com o muro”. Ele cai direitinho nas maiores armadilhas do amor, não prestando atenção que quando ela diz “oi, sou tua amiga” ele só ouve “oi, meu amado”. Ás vezes, após algumas quedas, por conta do delírio do ópio – a paixão – fica mais atento, e ai comete a maior loucura de um “drogado”: tentar racionalizar o amor, fazer poeminhas baratos e sem graça, mandar flores e entregar chocolates do tipo “sonho-de-valsa”, como se ela fosse aceitar a dança. Como se o coração dela já estivesse valsando com o coração aqui apaixonado... Ai meu coração enlouquece, ela vai embora, dizendo “muito obrigado” – por educação – e o ópio acaba. Seus efeitos devastadores já estão concretizados: coração apaixonado, ela na cabeça 24 horas por dia, sonhos noturnos, desejos não realizados, um prazer besta e insensato. Espere! Algumas já disseram “obrigado”, por satisfação e amizade, carinho e consideração, sem falsidade ou maldade, e uma delas, ou três, no máximo, estará lendo isso. Elas saberão que digo a elas em agradecimento? Sei não! Deixa pra lá... Mas mesmo elas foram como uma substância entorpecente que acabou. Meu coração ficou pedindo mais e mais, e lá não estava ela. Ela se foi. Acenou um adeus e eu chorei. Típico de um viciado depois que o efeito passa: dor de cabeça, decepção e arrependimento, choro, etc., mas não é que o danado do meu coração nem liga, esse ingrato! Ai fica culpando as meninas, meus amores e inspirações poéticas de que elas são as responsáveis pelo meu sofrer... Pobre coração, o meu! Elas nunca me disseram: “toma meu corpo, bebe meu sangue, serve-se do meu prazer, te dou tudo, sou teu ópio, teu amor, teu desejo, tua ressurreição!” eu e meu coração é que nos metemos a invadir essas deusas perigosas – as mulheres – e sem pedir licença vamos entrando, cheirando, provando, cobiçando, desejando – em tom poético, é claro, porque não são as deusas um objeto. Olha lá hein? – aqui todo sábio enlouquece, todo idiota se envaidece, todo poeta se despe, todo violeiro compõe uma canção e todo mundo se enrola. Mas todo drogado depois esquece os efeitos colaterais e vai lá dar uma cheirada de novo, injetar na veia o ópio que lhe causa prazer, pra depois sofrer! Meu coração se assemelha a um viciado e anda entre os extremos, igual ao amor... Olha ele de novo apaixonado, e prova disso é eu escrever outra vez, outras loucuras e devaneios, com ousadia maior, desafiando o leitor e pondo em mim uma interrogação exclamativa... Louco coração?!
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